Durante entrevista coletiva hoje em Londres, onde representa o Brasil na coroação do Rei Charles III, o presidente Lula voltou a atacar os Estados Unidos; e também, por tabela, seus anfitriões.
Questionado sobre Julian Assange, jornalista e programador australiano preso a poucos quilômetros dali por hackear o governo americano e vazar informações sigilosas, Lula criticou a prisão do ativista e fez longo discurso em defesa da liberdade de expressão e do jornalismo, chegando a classificar a situação como “absurda”.
A tendência é que a Casa Branca interprete a fala como outro passo do Brasil em direção a Rússia e China; e consequentemente um distanciamento cada vez mais aberto dos EUA e de sua política externa.
Assange é o fundador do site WikiLeaks, e em 2010, supostamente em conluio com o governo russo, publicou documentos confidenciais do Pentágono, como dados dos ataques aéreos a Bagdá em julho de 2007 e registros de incursões militares americanas no Afeganistão e no Iraque. O australiano foi preso pela polícia inglesa em abril de 2019, após anos vivendo em asilo político na embaixada equatoriana em Londres. A justiça britânica, porém, negou pedido de extradição feito em 2021 pelos Estados Unidos, alegando risco de suicídio na prisão.
AFRONTA À JUSTIÇA BRITÂNICA E À DIPLOMACIA NORTE-AMERICANA
Ao criticar a prisão de Assange por ter, em suas palavras, “denunciado falcatruas”, Lula acabou de uma só vez questionando os métodos da justiça britânica e validando legal e moralmente um ato de terrorismo promovido contra um parceiro diplomático que não apenas expôs o setor de inteligência americano, mas também colocou em risco a própria soberania dos Estados Unidos.
CONTRADIÇÃO
O presidente foi fortemente criticado nas redes sociais pela incoerência de seu discurso londrino. O Brasil vem sendo palco de uma série de violações à liberdade de expressão de opositores de Lula, incluindo prisões ilegais, bloqueio de contas em redes sociais e desmonetização de canais do YouTube, além de outras medidas que, de acordo com os internautas, visam a calar as vozes da direita no país.