Deputado federal mais votado do Paraná, escolhido por 344.917 eleitores para representá-los no congresso, Deltan Dallagnol teve seu mandato cassado ontem em decisão unânime do TSE. Não cabia mais ao tribunal eleitoral o julgamento, não havia sequer motivo, mas aconteceu.
A notícia caiu como uma bomba em Brasília. Todos consideravam possível a cassação, mas sempre com a sensação de que seria uma linha avançada demais para se cruzar nessa verdadeira Faixa de Gaza em que se transformou o limite de competências entre legislativo e judiciário. Mas ela veio, e o parlamento sentiu o baque.
De acordo com matéria do Estadão, Arthur Lira, presidente da câmara dos deputados, participava de um evento com outros caciques políticos quando soube do ocorrido. Depois disso, ainda segundo o Estadão, não parava de repetir “o fogo quando fere, fere de todo lado”.
Resta saber se “todo lado” irá apagar o fogo ou se esconder dele.
O VIZINHO INGÊNUO
Por outro lado, o presidente do senado Rodrigo Pacheco nunca fez questão de esconder que está do lado do fogo. Ou pelo menos pensa estar. Talvez o julgamento de ontem abra seus olhos cerveronianos e devolva sua alma ao corpo.
Há muito que Pacheco transformou a mais alta casa legislativa do país em balcão de barganhas. Transita pelo congresso nacional com ingenuidade proporcional à ganância. Em breve, porém, perceberá que as contrapartidas que tanto almeja, e que tanto têm custado ao Brasil, jamais chegarão a suas mãos.