Lula tem hoje cerca de 138 deputados federais em quem pode confiar, não é o suficiente para aprovar suas pautas. Já Lira comanda mais de 200 parlamentares do bloco do centrão. Nenhum dos dois tem o número mágico para aprovar uma lei na câmara dos deputados, 257 votos. Juntos, porém, mandam no Brasil. Sem precisar gastar fichas com o STF.
Tudo parece lindo e perfeito, uma mão lava a outra, não é assim que se diz? Ok, em Brasília as coisas estão mais para ‘uma mão molha a outra’, mas isso é uma outra história. Os problemas começam com a ânsia de poder de Lira. Ele não quer apenas emendas bilionárias e poder de barganha dentro de casa, ele quer romper executivo adentro e, literalmente, governar de mãos dadas com o presidente da república.
O PT não gosta de ser açoitado, ele prefere dar as cartas, ditar o ritmo, ser o polo ativo das ações. A questão é que o partido encontrou desta vez um país bastante diferente daquele que governou anteriormente, ainda mais com a exposição que a internet proporciona. Sem apoio popular e com seu nome envolvido em polêmicas diárias, Lula vira presa fácil para as artimanhas do presidente da câmara.
O governo tem hoje duas opções, se sujeitar às ambições do inimigo e ceder (generosos) espaços na esplanada ou brigar enquanto tenta derrubar Arthur Lira pelas mãos do judiciário. Por enquanto estão investindo na segunda. Só não se sabe ainda o quão preso é o rabo do presidente da câmara nas entranhas do STF, pois tudo agora depende disso. Se for curto, Lula em breve ficará sem armas para retaliar. Se for longo, vai cozinhar Lira até finalmente conseguir substituí-lo.
E O POVO? ONDE FICA NESSA BRIGA?
Olhando de longe, chupando o dedo, chorando, reclamando. Lula e Lira trabalham em benefício próprio e de seus respectivos grupos. O povo deixou de ser prioridade quando Bolsonaro foi derrotado.