As acusações que pairam sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, os mesmos que o levaram a julgamento no TSE, são uma embaraçosa afronta ao direito. Estivéssemos em situação de normalidade institucional seria a causa dos sonhos de qualquer advogado, tamanha a ausência de materialidade. Infelizmente, porém, tudo que não existe no Brasil hoje é normalidade.
A defesa performada pelo brilhante advogado de Bolsonaro, Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, foi tão acachapante que nem com todo malabarismo retórico e contorcionismo jurídico possível e impossível seria viável insistir na condenação e na consequente inelegibilidade. Precisaram de tempo; e a sessão foi adiada. Coincidência ou não, hoje surge a notícia de que a Polícia Federal solicitou a abertura de mais uma investigação contra o ex-presidente, desta vez para apurar suposto uso de dinheiro público por parte de Mauro Cid para cobrir despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Não irão desistir. A expectativa é de que “fatos” novos sejam trazidos à baila na próxima etapa do julgamento. E que ninguém pergunte se isso é permitido ou não. Basta ler o primeiro parágrafo para entender por quê.