Comissões parlamentares de inquérito têm como premissa básica a fiscalização do Poder Executivo, mas Rodrigo Pacheco, presidente do Senado e do Congresso Nacional, não enxerga desta forma. Ele acaba de ceder a maioria das vagas destinadas a senadores na CPMI do 8 de janeiro à base governista, o que inviabiliza tacitamente que o Planalto seja de fato investigado.
Tudo começa com a inteligente manobra de Randolfe Rodrigues, solitário senador do Rede Sustentabilidade e líder do governo no Congresso, que, ao mudar seu partido de bloco, alterou a proporcionalidade do colegiado. O problema é que, como expôs Rogério Marinho, líder da oposição, a composição deveria respeitar norma de 2006 que define a segunda quinzena de fevereiro como referência a ser seguida. Ou seja, Pacheco teria que considerar, para efeito de composição do colegiado, como os blocos estavam formados na metade final de fevereiro, não no dia da leitura da CPMI, como acabou decidindo. Marinho vai recorrer, mas dificilmente haverá mudanças. Considerando que Eduardo Braga (MDB-AM), notório aliado de Lula, é hoje o mais cotado para assumir a relatoria da comissão, fica cada vez mais difícil acreditar que a pizzaria não será o destino final da CPMI.