Aquela que para muitos era a grande oportunidade da direita de colocar o governo Lula contra as cordas já em seu primeiro ano, a CPMI do 8 de janeiro se viu hoje transformada em um verdadeiro puxadinho do Planalto; isso antes mesmo de ter seus trabalhos propriamente iniciados.
A presidência da comissão ficará a cargo do deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), aliado do governo. Já a relatoria caberá a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), muito próxima de um dos principais investigados, o ministro da justiça Flávio Dino. Gama ganhou projeção nacional durante sua participação na CPI do Covid, em que funcionava como pivô das triangulações entre a mesa, formada por Omar Aziz, Randolfe Rodrigues e Renan Calheiros, e os depoentes. Já a vice-presidência caberá a Cid Gomes (PDT-CE), primeiro vice, e Magno Malta (PL-ES), único membro da oposição indicado para a cúpula.
Ainda que seja possível usar a CPMI para discutir questões que carecem de esclarecimentos, como a participação de infiltrados e a conivência do GSI durante as invasões, esperar isonomia na condução das sessões e na produção do relatório passa a ser mais exercício de fé que qualquer outra coisa.