O projeto de lei 2630 é a prioridade do momento do governo Lula, e o Ministro da Justiça Flávio Dino não se priva de expandir horizontes em suas argumentações em favor da regulação da internet. De acordo com ele, “só teremos escolas seguras com a regulação da internet. Sem isso, teremos grupos neonazistas atacando escolas; criminosos cooptando crianças e adolescentes e ameaçando as famílias brasileiras”. Dino completou dizendo que “não podemos ter um faroeste digital que mate. Fake News mata. E por isso é necessária uma regulação sobre isso”.

Infelizmente o ministro falha em estabelecer uma conexão lógica plausível entre ataques de grupos neonazistas em escolas e fake news. Estariam tais grupos passando direções erradas pela internet a fim de desviar o foco da polícia e facilitar as invasões? Que desinformação é algo indesejado disso não resta dúvida, mas ao sugerir bananas como ingrediente principal da feijoada Flávio Dino desperdiça grande oportunidade de enriquecer o debate e dar sustância a sua frágil premissa.

PL DAS FAKE NEWS

O PL 2630 teve seu rito de urgência decretado semana passada em tumultuada sessão presidida por Arthur Lira, mas, em incrível e curiosa reviravolta, teve sua votação adiada na última terça-feira. Após brigar por celeridade, o governo optou pela marcha lenta. Fica a dúvida se, em não sendo tão urgente quanto se vendia, o projeto de lei deveria voltar ao rito normal, tendo assim que enfrentar a tão temida CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e da Cidadania).