O ex-ministro Gonçalves Dias, que chefiava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula no dia 8 de janeiro, deu a ordem para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) adulterar um relatório oficial enviado ao Congresso Nacional, omitindo os alertas da agência sobre a ameaça de invasão aos prédios dos Três Poderes, em Brasília. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo em uma reportagem publicada hoje, 14 de junho.
O relatório, sem as mensagens destinadas a Dias, foi enviado à Comissão de Atividades de Controle de Inteligência (CCAI) do Congresso em 20 de janeiro e continha as comunicações enviadas pela Abin entre 2 e 8 de janeiro para diversos órgãos e autoridades. Na primeira versão do documento, os alertas enviados diretamente para o celular de Dias, por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp, não constavam. No total, 11 avisos enviados ao ex-ministro foram suprimidos do relatório inicial.
De acordo com a Folha, o ex-ministro ordenou que esses alertas fossem omitidos de uma minuta prévia apresentada a ele, alegando que a troca de informações não ocorreu por canais oficiais. O jornal relata que, ao receber essa minuta, Dias determinou que o relatório enviado ao Congresso contivesse apenas as informações distribuídas em grupos de WhatsApp. A planilha completa com todos os alertas ficou arquivada na agência de inteligência.
CPMI
Dias era tido como o foco central de toda a investigação sobre as invasões, haja vista a CPMI só ter sido finalmente instalada após imagens suas captadas pelo circuito interno de TV do Palácio do Planalto terem sido vazadas pela CNN. Mesmo diante de tantas evidências, o general – graças aos esforços do governo, que conseguiu barrar sua convocação para depor na comissão – escapou ileso, pelo menos por enquanto.
NOVAS TENTATIVAS
De acordo com o deputado federal Nikolas Ferreira e o senador Sérgio Moro, a oposição não desistirá de convocar G. Dias.