Que governos anteriores do PT ficaram conhecidos por sua falta de transparência, isso é fato histórico, daqueles que nem o mais ávido petista seria capaz (ou faria questão) de negar. Esperava-se, contudo, que diante da intensa fiscalização promovida fora do âmbito dos setores públicos, através de facilidades ofertadas pela internet e usufruídas por agentes civis, o partido pudesse rever seus conceitos e adotar uma nova abordagem de gerenciamento da coisa pública.
Doce ilusão, pelo menos da parte de quem se dispôs a acreditar em tal mudança. Uma rápida vista no Portal da Transparência do Poder Executivo já é o suficiente para perceber que as práticas antigas continuam sendo a regra, e que a obscuridade continua firme e forte neste novo governo. A Apece Servicos Gerais LTDA é um exemplo. A empresa foi agraciada com um contrato no valor de R$ 847.671,92 para prestação de serviços de copa e cozinha. Os problemas começam pela ausência de dados do processo de licitação, apesar da contratação estar listada na modalidade Pregão Eletrônico. A unidade orçamentária responsável pelo contrato é o “Fundo de Imprensa Nacional”, como parte do programa de “Comunicação Pública e Divulgação de Atos e Matérias do Governo Federal”.
FAMÍLIA CONHECIDA
A Apace tem como sócia Deuzamar Jansen Pereira, mãe do deputado distrital cassado José Gomes, na época filiado ao Partido Socialista Brasileiro, notório aliado do PT. Gomes foi acusado pelo Ministério Público Eleitoral de chantagear e ameaçar funcionários de outra empresa da família, a Real JG, para conseguir votos. O ex-parlamentar chegou a recuperar seu mandato através de uma liminar concedida pelo ministro do STF Dias Toffoli, mas acabou afastado em definitivo em 22/03/2022 pelo TRE-DF.
CONCLUSÃO
Um pente fino no Portal da Transparência do Planalto talvez tenha potencial destrutivo maior que o de qualquer comissão parlamentar.