INELEGÍVEL: BOLSONARO COMEÇA A SEMANA DESTRUINDO MAIS UMA NARRATIVA

A principal justificativa encontrada pelo TSE para tornar Jair Bolsonaro inelegível foi a reunião que o então presidente teve em 2022 com embaixadores estrangeiros, com o propósito de expor as fragilidades do sistema eleitoral eletrônico em uso no país. O encontro ocorreu antes das eleições, antes da campanha, antes mesmo da candidatura de Bolsonaro ser oficialmente confirmada, mas nada disso foi levado em consideração e o resultado do julgamento todos nós já conhecemos – na verdade conhecíamos, antes mesmo dele ter início.

Comparações com eventos anteriores são inevitáveis, e o primeiro caso que vem à mente é o de Dilma Rousseff, que sofreu o impeachment e continuou elegível, apesar da constituição não oferecer esta possibilidade. Mas existem outros fatos relacionados a este afastamento que também servem para demonstrar a perseguição virulenta e desarrazoada que é imposta a Bolsonaro, em contraste com a benevolência inconstitucional com que a ex-presidente foi tratada. Um deles foi relembrado hoje por ele, Jair Bolsonaro, em suas redes sociais.

“Dilma convidou embaixadores estrangeiros para evento em seu apoio”, diz o título da matéria, publicada pela Folha de SP em 22 de março de 2016. O primeiro parágrafo diz:

“A presidente Dilma Rousseff convidou, para o evento batizado de “Encontro com Juristas pela Legalidade da Democracia”, todos os cerca de 150 embaixadores estrangeiros em Brasília.
O Planalto não divulgou a relação completa dos embaixadores que compareceram, mas disse que cerca de 70 estiveram presentes. Na lista de confirmação de presença, estavam 28 embaixadores ou encarregados de negócios – entre eles, os da Itália, do Reino Unido, da Bolívia, do Equador, de Cuba e da Rússia. Os EUA não enviaram sua embaixadora, Liliana Ayalde. Israel, que vive um impasse diplomático com o Brasil por causa da indicação do novo embaixador, esteve representado pelo encarregado de negócios. Questionado sobre a justificativa de convidar todos os embaixadores para um evento em apoio à presidente Dilma, o Planalto disse que não iria se pronunciar.”

Ou seja, da mesma forma com que Bolsonaro convidou embaixadores para fazer uma exposição, no caso dele, anterior ao evento, Dilma também o fez, com o agravante do processo de impeachment já estar em andamento. Mas não para por aí. Outra acusação que paira sobre o ex-presidente é a da tentativa de golpe, esta embasada por uma folha de papel encontrada em uma pilha de outros papéis na residência do ex-ministro da justiça Anderson Torres. Não há assinatura, não houve movimentações, não há nada que elenque o rascunho a Bolsonaro, mas, no direito criativo de nossos tribunais superiores, serve como prova. Agora vejam o título desta matéria publica pelo portal Poder360 em 15 de dezembro de 2019: “Villas-Bôas fala em sondagem por Estado de Defesa em impeachment”.

Naquela mesma data, o jornal O Globo publicara uma entrevista com o General Eduardo Villas-Bôas, em que o militar acusava parlamentares de esquerda de o terem sondado sobre uma possível decretação de estado de defesa da parte de Dilma: “Ao longo do processo de impeachment, 2 parlamentares de partidos de esquerda procuraram a assessoria parlamentar do Exército para sondar como receberíamos a decretação de 1 Estado de Defesa”. Dilma, obviamente, negou – assim como havia negado saber das maracutaias da Petrobras enquanto presidente de seu conselho, ou mesmo das pedaladas fiscais que resultaram em seu impeachment; nega até hoje, na verdade.

CONCLUSÃO

Que o julgamento de Bolsonaro, assim como o tratamento a ele ofertado pelo judiciário durante os quatros anos de seu mandato presidencial, foi político, até Rui Costa, ministro do atual governo, reconhece. O ex-presidente já havia exposto outra contradição grotesca da acusação ao publicar um vídeo de Carlos Lupi, presidente do PDT e também ministro de Lula, defendendo o voto impresso. Lupi que foi o autor da ação que levou à condenação de Jair Bolsonaro, justamente por questionar o sistema eleitoral sem impressão de voto.

Fica claro assim, de maneira definitiva, que tanto a reunião quanto a fantasiosa tentativa de golpe e a contestação das urnas eletrônicas foram apenas subterfúgios mal e porcamente utilizados para expelir Bolsonaro do tabuleiro político. Em um país onde a democracia é relativizada, como o próprio Lula confessou na reunião do Foro de São Paulo durante a última semana, nada mais natural que relativizar tudo em conjunto. Reúna-se com ditadores, mas jamais com embaixadores. Um viva à democracia camaleônica de Brasília.

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