JAIR BOLSONARO E A VACINA BIPOLAR

Em meio a dúvidas e polêmicas em torno da operação da Polícia Federal que teve como alvo Jair Bolsonaro, sua família e suas carteiras de vacinação, é inegável que o posicionamento do ex-presidente sempre foi transparente: ele nunca fez questão de esconder que não tomou a vacina para o Covid-19. Como chefe de Estado, foi aos Estados Unidos em duas oportunidades após o início da pandemia, sem que houvesse necessidade de apresentação de comprovante de imunização para a doença.
O debate então migrou para as alterações no cadastro de Bolsonaro através do portal de vacinação. Sua base de apoio questiona a peculiaridade da situação, em que alguém que sempre se declarou não-vacinado – e a quem nunca foi exigida a vacinação – adultera seus status vacinal e logo depois desfaz esta alteração. Faltam lógica, objetivo e sentido, afirmam bolsonaristas em suas redes sociais; assim como falta apurar quem performou as modificações, com qual login o/a responsável fez a manobra. É importante frisar que não é papel do vacinado inserir essas informações no sistema, assim como não é operacionalmente necessária sua anuência para tal.
Talvez fosse mais eficaz identificar este personagem central antes de deflagrar a operação, assim o problema se tornaria público já com objeto definido, o que permitiria um direcionamento concreto às investigações. Tudo se resumiria a descobrir se há ligação entre Bolsonaro e o agente público que apertou os botões e se o ex-presidente teve participação efetiva e/ou consciente no ato. A PF fatalmente chegará a esse ponto, mas não sem antes provocar uma série de incertezas que poderiam e deveriam ter sido evitadas, até para manter intacta a percepção de isonomia em todo processo.
Quanto às prisões que seguiram a operação e à controvertida ordem de apreensão do passaporte de Jair Bolsonaro, que a princípio não foi realizada, aguardam-se ainda suas consequências mais gravosas, se é que haverá alguma. Não há relatos confiáveis de desconforto no alto comando do Exército pela prisão do tenente-coronel Cid, militar da ativa e filho de influente general da reserva. O mais provável é que seu caso seja resolvido internamente e que os outros presos permaneçam onde estão. Já do lado de Bolsonaro, sua ida à Portugal, onde participaria de evento conservador, teve que ser cancelada.

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