PT TRANSFORMA PARLAMENTO EM BALCÃO DE NEGÓCIOS

Foto: Adriano Machado

Ao assumir a presidência da república Bolsonaro fez reiteradamente questão de ressaltar que o infame “toma lá, dá cá” dos tempos do PT era coisa do passado, que em seu governo, mesmo que isso causasse atrasos no cronograma, as pautas seriam aprovadas sem liberação de verbas como contrapartida por eventual apoio. E assim foi, por mais que a narrativa do ‘orçamento secreto’, composto por verbas obrigatórias e controlado pelo próprio legislativo, tenha no fim prosperado – graças, em grande parte, pela atuação irresponsável e rasa de órgãos de imprensa ávidos pelo retorno de sua própria versão do tal “toma lá, dá cá”.

PREÇO ALTO

Bolsonaro pagou muito caro por esse posicionamento, não com dinheiro público, mas com capital político e o desgaste de sua imagem. Foram quatro longos anos de ataques infundados, matérias capciosas e um congresso arredio, principalmente pelas mãos de Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco. Arthur Lira, salvas raras exceções, ajudou mais do que atrapalhou. No fim, talvez tivesse sido mais prático se adaptar em seu primeiro mandato à “prostitutabilidade” da classe política, para assim garantir um segundo; quando, pisando em terra firme, poderia colocar as coisas em seus devidos lugares. Elucubrações à parte, falar agora é fácil, as coisas são o que são, e o caráter do ex-presidente jamais permitiria isso.

CORRIQUEIRO

Lula e o PT, por sua vez, não conhecem obstáculos éticos e morais, ainda mais quando um projeto de poder morto e enterrado recebe uma segunda chance improvável pelas mãos do coveiro arrependido. Se as leis da física não podem ser alteradas, as dos homens, dependendo da criatividade e do grau de dissimulação, podem. A ressurreição veio com procuração para aviltar a realidade política, subverter a ordem jurídica e, basicamente, mentir. O resultado, todos nós já conhecemos, uma reedição anabolizada de práticas antigas, desta vez com direito a proteção do Olimpo.

CONGRESSO FAMINTO

Desde que o terceiro mandato de Lula teve início, o governo já obteve um sem-número de vitórias importantes no Congresso Nacional. Algumas esperadas; outras, fruto de reviravoltas improváveis. E é justamente aí, no reino do inverossímil, que ressurge, glorioso e imponente, o cetro do “toma lá, dá cá”. Foi assim na eleição que reconduziu Pacheco à presidência do senado, uma virada de última hora contra Rogério Marinho, passando pela aquisição do controle sobre a CPMI do 8 de janeiro, após tentar evitá-la a todo custo, e chegando, finalmente, à aprovação em primeiro turno, e em tempo recorde, da reforma tributária. Apenas esta semana o governo liberou um total de R$ 7,3 bilhões em emendas, além de R$ 6 milhões para cada deputado federal pelo voto favorável. Fica claro assim que a fábula do “elegemos um congresso conservador” não resiste aos encantos cifreiros de um grupo político disposto a tudo para se perpetuar no poder.

ARTHUR LIRA, O FACILITADOR

Se no início da legislatura Arthur Lira parecia disposto a ser uma pedra no sapato de Lula, um ou outro processo empoeirado ganhando sobrevida no STF e visitas pontuais da Polícia Federal parecem ter alterado seu ânimo. Se não pode vencê-los, junte-se a eles, não é isso que diz o ditado? Se possível, exercendo a potencialmente proveitosa função de funil facilitador.

E assim, harmonia entre os poderes reestabelecida, Brasília promete ser feliz para sempre.

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